“Quem tem muitas certezas normalmente é porque pensa pouco” por Luiz Felipe Pondé
Sócrates foi imortalizado pela ideia de que quanto mais sabemos, menos sabemos. O “não sei”, na Filosofia, pode ser uma resposta muito profunda, inclusive como resultado de várias tentativas de saber, o que vai construindo aquilo que chamamos, na Filosofia, de ignorância douta. Esta trata-se da ignorância daquele que sabe muito mais que a maioria e, por isso, tem menos certeza do que ela. Quem tem muita certeza das coisas, normalmente, leu pouco ou pensa pouco – suas ideias são muito fechadas.
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Existem filósofos que deram atenção especial a essa questão do não saber. No âmbito da mídia, quando o filósofo está exercendo sua função de intelectual público, as perguntas direcionadas a ele são fáceis. A mídia fala de três ou quatro coisas o tempo todo, como política, ciência, pandemia, lockdown etc., formulando-se perguntas que se repetem frequentemente sobre esses temas.
A pandemia do coronavírus, por exemplo, não foi previsível, mas, ao longo dela, as discussões foram se tornando previsíveis e comuns. Já no tema político, que é mais corriqueiro, sempre há corrupção, alguém que ascende no poder ou decai, às vezes situações relacionadas a guerras, terroristas, catástrofes naturais etc. O conteúdo diário e efêmero do dia a dia é muito repetitivo. Então, nesse ambiente, quando alguém pergunta algo para um filósofo ou intelectual, suas respostas não permearão o não saber. Porém, se lhes perguntarem se existe vida após a morte, eles responderão que não sabem. Quem disser que sabe a resposta de uma pergunta como essa estará mentindo ou mal-informado.
A ética é um tema que surge bastante para o filósofo. Ela parece ser um tema simples, mas na realidade não é. Sabemos mais ou menos o que é o certo e o errado, e normas nos ajudam a estabelecê-los, mas a discussão sobre o certo e o errado, moralmente, não é fácil de ser feita.