Crônica: explore o gênero textual e mobilize o protagonismo dos estudantes

Crônica: explore o gênero textual e mobilize o protagonismo dos estudantes

Somos instantes diante da vida que se transforma. Isso faz com que o ensino e a aprendizagem sejam uma constante metamorfose. Faço minhas as palavras de Ivan Ângelo, quando faz uma analogia entre o tempo e as narrativas que escrevemos: “a crônica mudou, tudo muda. Como a própria sociedade que ela observa com olhos atentos”. E quantas mudanças vivenciamos nos últimos dois anos…

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É verdade que vivemos em um mundo de muitas novidades. No entanto, ainda se faz presente na escola a necessidade de acolher e de exercitar com generosidade a escuta de nossos semelhantes.

Demos início ao ano letivo de 2022 esperançosos pela retomada. Acolhemos os alunos que chegam à escola prontos para construir a crônica que vive em cada um de nós. Nossa escuta deve estar voltada para dar atenção, oferecer refúgio, ter consideração, ressignificar as relações.

Neste contexto, é necessário usar metodologias ativas que possibilitem a articulação entre teoria e prática, valorizem as capacidades dos estudantes e o coloquem no seu lugar de protagonista do processo de aprendizagem.

Para um mundo novo, precisamos ter olhos novos, legitimar saberes e traduzir a simplicidade da vida ou a complexidade do ser humano. E, se entre textos circulamos, que tal um recorte de um gênero que destaca a vida corriqueira?  A crônica é um gênero textual que possibilita desenvolver práticas de linguagem contemporâneas propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e relacionar com o cotidiano dos alunos.

Painel integrado

Uma sugestão para explorar o gênero é utilizar a estratégia painel integrado, metodologia ativa que promove a comunicação e a integração entre os alunos. Nessa proposta, a turma é dividida em grupos de quatro estudantes. É um momento dinâmico, de discussão, participação, de disseminação das informações e assimilação do conteúdo. Em seguida, os jovens são reorganizados. Cada participante é responsável por propagar as discussões que foram realizadas no agrupamento original.

Ela possibilita a socialização de temas e valida a importância dos processos de construção do conhecimento. Isto é, mostra como o estudante é capaz de articular e fundamentar argumentos em debate assertivo.

Comumente, o painel integrado é usado para introduzir assuntos diversos, conceitos, ideias ou conclusões. Ele garante a integração dos participantes e o aprofundamento na temática abordada.

O produto final deste tipo de estratégia é a sistematização dos debates e estudos feitos a partir de um tema gerador (ou “guarda-chuva”). No caso da crônica, por exemplo, permite explorar o percurso que a crônica faz da realidade para a ficção, do jornal para o literário, do convencional para o inusitado.

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Utilizando a metodologia para estudar as crônicas

O primeiro passo é pensar no perfil da sua turma, o que os estudantes já sabem e qual o interesse deles com esse gênero de texto. Da mesma forma com que o cronista dialoga com seu leitor e se faz presente no tempo de sua narrativa, estabeleça também esse discurso em sala de aula. Afinal, leitura e escrita aparecem em nossa vida porque transmitem algo. As crônicas traduzem as aflições, os risos, os medos, a coragem, o igual, mas também o diferente e o inusitado em nosso cotidiano.

Depois dessa análise, comece apresentando exemplos de crônicas e as respectivas notícias que motivaram aquele texto. Esse exercício permite mapear a intenção e a funcionalidade daquela produção em estudo.

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No acervo do escritor Moacyr Scliar é possível encontrar os acontecimentos que estão por trás de suas crônicas. Outra boa referência para buscar textos é o livro De notícias & não notícias faz-se a crônica, de Carlos Drummond de Andrade. Inspire-se nos grandes cronistas de nossa literatura, acolha as referências locais, as notícias que circulam na mídia e as narrativas dos alunos. Dê espaço para o debate.

Em pequenos grupos, atribua aos estudantes a leitura de crônicas. Inicialmente, cada grupo terá um texto diferente para ler.  Depois faça uma nova formação e cada aluno deverá apresentar a crônica discutida anteriormente, confrontar opiniões e comparar as notícias motivadoras.

Seguindo esse roteiro de trabalho, os alunos devem buscar cenas do dia a dia, inquietações que possam ser roteirizadas e perceber que temos diversas versões da mesma história. O resumo das ideias discutidas pode ficar em exposição em um mural ou compartilhado em forma de mapa mental.

Para valorizar as experiências, proponha a versão do texto deles. É uma forma de promover a autoria, fazer com que os alunos tenham ciência de que a crônica não nasce pronta. Revise alguns aspectos como a ideia de paragrafação, tempos verbais, tipos de discurso, figuras de linguagem, dentre outros elementos que dão leveza à crônica.

Agora é sua vez de colocar em prática. A crônica tem uma estreita relação com o deus do tempo – Cronos – e, neste momento em que estivemos juntos, espero ter contribuído. Desejo que minhas palavras sejam acolhidas. Sintam-se parte da narrativa que escreveremos.

Seguimos confiantes, um abraço e até breve!

Fonte: https://novaescola.org.br/

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